Mattje, V. M. et al. 126
Vol. 4, N.2: pp. 126-133, May, 2013 ISSN: 2179-4804
Journal of Biotechnology and Biodiversity
Evaluation of rice cultivars contrasting in doses of nitrogen in soils of irrigated lowland
Vanessa Mendes Mattje1, Rodrigo Ribeiro Fidelis2, Raimundo Wagner de Sousa Aguiar2 , Diogo Ribeiro Brandão2, Manoel Mota dos Santos 3,*
ABSTRACT
Monitoring of nutrients through the soil analysis and the direct method of destruction of the plant are the most common methods for assessing nutrients for maximum crop production. One method that has been used in other countries (Japan and USA) to estimate the level of need for N and nitrogen application in rice is the portable
chlorophyll meter, clorofilog CFL 1030 (Faker ®). Given that the objective of this study was to assess the level of
leaf nitrogen in rice plants, to evaluate the effect of nitrogen by using indirect in rice cultivars, as well as the agronomic characteristics. We evaluated the plant height, number of epikelets per panicle, 100 grain weight, the leaf N content, chlorophyll content and grain yield. The rice cultivars are influenced by levels of nitrogen for plant height, nitrogen content, chlorophyll and 100 grain weight; cultivate the Best 2000 was what got greater productivity.
Key-words: Oryza sativa L., absorption efficiency, productivity.
Avaliação de cultivares de arroz em doses contrastante de nitrogênio em solos de várzea irrigada
RESUMO
O acompanhamento dos nutrientes através da análise de solo e pelo método direto de destruição da planta são os métodos mais comuns para avaliação dos nutrientes visando à máxima produção das culturas. Um método que vem sendo utilizado em outros países (Japão e EUA) para estimar o nível de N e necessidade de adubação nitrogenada
em cobertura na cultura do arroz é o medidor portátil de clorofila, clorofilog CFL 1030 (FAKER®). Diante disso o
objetivo desse trabalho foi de avaliar o teor de nitrogênio na folha em plantas de arroz, avaliar o efeito do nitrogênio pelo uso indireto em cultivares de arroz, bem como, as características agronômicas. Avaliou-se a altura de plantas, o número de espigueta por panícula, a massa de cem grãos, o teor de nitrogênio foliar, o teor de clorofila e a produtividade de grão. Os cultivares de arroz são influenciados pelas doses de nitrogênio, para a altura de planta,
teor de nitrogênio, clorofila e a massa de cem grãos; o cultivar Best 2000 foi o que obteve maior produtividade. Palavras-chave: Oriza sativa L.,eficiência de absorção, produtividade.
*Autor para correspondência:
1Acadêmica de Química Ambiental, Universidade Federal do Tocantins – Campus Universitário de Gurupi, Caixa Postal 66, 77.404-970, Gurupi-TO, Brasil; vanessamattje@uft.edu.br
²Departamento de Ciências Agrárias e Tecnológicas; Universidade Federal do Tocantins; Gurupi - TO - Brasil; fidelisrr@uft.edu.br; rswa@uft.edu.br; diogo.brandao.20@hotmail.com
3,*Departamento de Ciências Agrárias e Tecnológicas; Universidade Federal do Tocantins; 77402-970; Gurupi - TO - Brasil; santosmm@mail.uft.edu.br
J. Biotec. Biodivers. v. 4, N.2: pp. 126-133, May. 2013
https://doi.org/10.20873/jbb.uft.cemaf.v4n2.mattje
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INTRODUÇÃO
Entre as práticas e técnicas empregadas para
obtenção de produção de arroz, a escolha da cultivar, a época de plantio e adubação adequada, estão entre as mais importantes. De modo geral, a
baixa produtividade das lavouras de arroz, no Brasil, é devido à baixa fertilidade dos solos,
manejo inadequado de adubação da planta na área, além da escolha inadequada de cultivares.
Na cultura do arroz, em ambientes alagados, o nitrogênio é um dos elementos mais influenciados
pelas condições de anaerobiose. Esse nutriente
pode sofrer várias transformações, sendo que algumas delas possibilitam perdas, principalmente
pelo processo de desnitrificação e volatilização (Vahil e Souza, 2004). A planta de arroz é bastante exigente em nutrientes, principalmente em nitrogênio de modo que o mesmo esteja prontamente disponível nos momentos de demanda, para não limitar a produtividade
(Fageria et al., 2003).
Um método que vem sendo utilizado para estimar o nível de N e necessidade de adubação nitrogenada em cobertura na cultura do arroz é o
medidor portátil de clorofila, clorofilômetro. Este
aparelho permite a obtenção de valores indiretos do teor de clorofila presente na folha de modo não
destrutivo, rápido e simples, os quais têm uma correlação com o teor de N (Argenta, et al., 2001).
Os valores são calculados com base na quantidade de luz transmitida pela folha em duas regiões de
comprimento de onda, nas quais a absorção pela
clorofila é diferente. O monitoramento do nível adequado de N na planta faz-se necessário para
diagnosticar a necessidade ou não de sua aplicação. Com essa finalidade, uma metodologia
que tem se mostrado eficaz é a medição do índice de clorofila nas folhas das plantas (Carvalho et al.,
2012).
Scherpers et al. (1992), verificaram que a calibração do clorofilômetro com a concentração de nitrogênio nas folhas, em geral, tem
sensibilidade, resultado da estreita correlação entre a concentração de nitrogênio nas folhas e a
tonalidade verde destas. A leitura do índice espade tem apresentado maior correlação com o rendimento de grãos do que com o teor de
nitrogênio foliar. Contudo, muitos fatores podem afetar a leitura do índice de clorofila. Dentre eles, pode-se citar o estresse hídrico, genótipos, estádio
de desenvolvimento da planta, temperatura, irradiação solar, tipo de fertilizante nitrogenado, doenças ou outro tipo de estresse da planta que
afeta o conteúdo de clorofila e, consequentemente , a tonalidade verde medida pelo clorofilômetro. Assim, é importante lembrar que o clorofilôm etro
possibilita ao agricultor, fazer controle da
fertilização com nitrogênio, mas ainda não substitui outros métodos.
O Tocantins se destaca em produtividade de arroz no sistema de várzea irrigada; no período de 1989
a 2002, a área média cultivada com arroz nas
várzeas do Estado do Tocantins foi de 49 mil
hectares, com uma produção de 204 mil toneladas e produtividade média de 4.175 kg ha-1 (Embrapa,
2008). Porém, ainda não se tem muito trabalho
com leituras de clorofila para avaliação da necessidade de adubação nitrogenada na cultura do
arroz irrigado cultivados no estado do Tocantins.
Diante disso, objetivou-se com esse trabalho avaliar o teor do nitrogênio pelo uso indireto (Clorofilog Falker) e avaliar as características
agronômicas de cultivares de arroz em duas doses contrastante de nitrogênio em cultivares de arroz.
MATERIAL E MÉTODO S
O experimento foi instalado no ano agrícola de 2009/10, na Estação Experimental de Gurupi pertencente à Universidade Federal do Tocantins,
caracterizada pelas coordenadas geográficas 11°
43’ de latitude sul e 49° 15’ de longitude oeste, numa altitude de 300 m, em solo oriundo de áreas
irrigadas do município de Formoso do Araguaia - TO.
Os cultivares utilizados para a realização do
trabalho foram: Best 2000, BRSGO Guará, BRS 7 Taim e BRA 01381, no dia 20 janeiro, sendo
cultivares mais adaptados às condições de plantio de várzea irrigada, na região produtora de arroz
em várzea do Tocantins.
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, no delineamento inteiramente casualizados com cinco repetições, com vasos de
capacidade de 10 litros, sendo a dose de fósforo e potássio, realizada de acordo com recomendações
da Embrapa, 2008. O plantio foi realizada no sistema pré germinado, com 2 plantas por vaso. A
análise química dos solos na camada de 0-20 cm de profundidade apresentou os seguintes resultados: pH em CaCl2 = 4,5; M.O (%) = 1,9; P
(Melich) = 5,7; Ca = 3,0 cmolc dm-3; Mg = 0,9 cmolc dm-3; H+Al = 1,2 e K = 0,2 cmolc dm-3 .
Para simular ambientes com baixo e alto nível de
nitrogênio, foram utilizadas as doses 20 e 120 kg ha-1 de N, na forma de Sulfato de Anômia (20%
N), aplicadas 28 dias após o plantio (20 e 60 kg de
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N) fase de perfilhamento de arroz e o restante 60 kg de N, na diferenciação dos primórdios florais. Estas duas doses contrastantes de N foram
identificadas em experimentos por (Fageria et al., 1991).
Foi realizado um acompanhamento do nitrogênio
através de amostragem da planta e leitura de índice
de clorofila utilizando-se para tal um clorofilômetro marca ClorofiLOG® modelo CFL
1030, operado conforme as instruções do fabricante (Falker Automação Agrícola, 2008).
Neste aparelho, as unidades de mensuração, denominadas Índice de Clorofila Falker (ICF), são
produto de fotodíodos que emitem em 635, 660 e 880 nm. Em cada folha foram feitas dez leituras,
no terço médio da lâmina foliar/parcela. As coletas
das amostras foliares foram feitas no pleno florescimento dos cultivares de arroz. A determinação nitrogênio foliar foi realizada de
acordo com metodologia de Malavolta (1997); as folhas utilizadas para as leituras pelo clorofilog
Produtividade: Ao final do cultivo, as plantas foram colhidas, trilhadas, e realizado a pesagem dos grãos e os dados transformados para e
determinado em kg ha-1 (13% base úmida).
Análises de variância: As análises estatísticas foram realizadas por análises de variância por
meio do teste F e, quando significativas, comparações de médias pelo teste de Tukey, a 5%
de probabilidade. Utilizou-se o programa
computacional SISVAR (Sistema de análise estatística para microcomputadores) (Ferreira,
2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pelos resultados obtidos nas análises de variância, houve interação significativa para as características altura de planta, massa de cem grãos, nitrogênio foliar e índice de clorofila; mostrando o efeito do nitrogênio em função dos cultivares de arroz. Para a característica espigueta
por panícula, os resultados mostraram ser não
Falker foram retiradas, secas a temperatura de significativos tanto para os efeitos
70ºC, até peso constante; após secas, foram moídas em moinho tipo Wiley, com peneira de 20 malhas por polegada.
Altura da planta (AP): a média foi obtida pela
medida de 10 plantas perfilhadas ao acaso, por vaso/parcela, tendo-se considerado a distância
entre a superfície do solo e o ápice da panícula, por ocasião da colheita.
Número de espigueta por panícula: foi re alizado por contagem direta das panículas viáveis, em cada vaso;
Número de panícula por metros quadrado: foi realizado por meio de contagem direta das
panículas, em cada vaso, e transformado para um metro quadrado;
Massa de cem grãos: A massa de 100 grãos foi determinada pela contagem manual de grãos, pesagem (13% base úmida), em cada parcela.
individualizados quanto para a interação. Já ao analisar o número de panículas por metro
quadrado e produtividade, observou-se efeito
isolado dos cultivares bem como, das doses contrastante de nitrogênio (20 e 120 kg ha-1 de
N),(Tabela 1).
Os resultados, no geral, se mostraram confiáveis
quanto a disposição pela análise estatística, afirmativa essa confirmada pelo coeficiente de
variação - CV. De acordo com Pimentel Gomes
(1985), avaliações em campo com CV inferior a 30, permite uma certa confiabilidade nos
resultados obtidos. O limite máximo de CV aceitável em relação à produtividade, ou seja,
considerados médios ou baixos, é de 27,9% no arroz de terras baixas (Costa et al., 2002).
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Tabela 1. Resumo das análises de variância para as características altura de plantas, (AP), espigueta por panícu la (ESPP), espigueta por metro quadrado (PM2), massa de cem grãos (M100G), nitrogênio foliar (NF), índice de
clorofila Falker (ICF) e produtividade de grãos (PG), de quatro cultivares de arroz, cultivados em vasos com solos oriundos de várzea, da região de Formoso do Araguaia – TO, 2010.
Quadrado Médio
FV GL AP ESPP PM2 M100G NF ICF PG
Cultivar Nitrogênio
3
1
1547,757n 13335,062*
125,685** s 8,774* 0,308* 31,221* 13925255,547** *
13,3128 n
77,252** 489,610ns 11243,251* 3,0443ns 0,130ns s 4542098,000**
Cult. x N
3
128,868** 416,044ns 659,250 ns
11,836* *
0,2595 *
26,241*
96431,227 ns
Resíduo 21 2,547 777,015 1455,527 2,032 0,065 6,549 86655,318
C V (%) 2,42 22,45 21,36 6,83 6,21 5,98 6,58
ns não significativo; ** significativo para P < 0,01; * significativo para P < 0,05 pelo teste F.
Para a característica altura de plantas dos cultivares dentro da menor dose (20 kg ha-1 );
observou-se que a cultivar BRSGO Guará, obteve a menor altura (59,75 cm), no entanto, diferiu estatisticamente somente da cultivar BRA 01381.
Para a dose de120 kg ha-1, a cultivar Best 2000
obteve menor estatura de planta (62,25 cm), diferindo dos demais cultivares (Tabela 2). Segundo, Lopes et al. (1996), verificaram
incremento na estatura das plantas com o aumento
das doses de N. Já Mauad et al. (2003 ), verificaram uma redução na altura de planta,
quando a dose de N foi aumentada. Isto mostra
que o efeito do N na altura da planta depende de outros fatores como luminosidade, temperatura, umidade e teor de matéria orgânica presente n o
solo.
Ao avaliar o efeito das doses dentro dos cultivares, foi observado que independente da adubação
utilizada, o cultivar Best 2000, não obteve aumento da altura de planta com o incremento da
dose de nitrogênio aplicado em cobertura, talvez por ser um cultivar pouco responsivo à elevadas concentrações de nitrogênio, como observado por
(Fidelis et al.; 2011, kischel et al., 2011) .
Para a característica teor de nitrogênio foliar, foi
observado que entre os cultivares na dose de 20 kg ha-1 não houve variação do N entre os cultivares
analisados, indicando que mesmo em condições de baixa adubação nitrogenada em cobertura os
mesmo conseguem ter uma resposta há absorção
do nitrogênio, com elevado teor de N acumulado
na planta. Ao analisar os cultivares na dose de 120 kg ha-1 houve uma resposta diferenciada entre os
ambos, onde somente o cultivar BRA 01381
diferenciou dos demais com um menor conteúdo de NF (3,70 mg g-1). Ao se analisar os cultivares
dentro das adubações de cobertura observou- se
variação do teor de NF apenas para o cultivar BRSGO Guará, havendo maior incremento do
conteúdo de N foliar, na maior dose de N aplicado em cobertura (Tabela 2 ).
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Tabela 2. Altura de plantas – AP (cm), teor de nitrogênio foliar - NF (mg g-1), índice de clorofila falker (ICF) e Massa de cem grãos – M100G (g), em função de doses de nitrogênio e cultivares de arroz, cultivados em vasos com solos oriundos de várzea, da região de Formoso do Araguaia – TO, 2010.
Dose de N/cultivares Best 2000 BRA 01381 BRSGO Guará BRS 7 Taim
AP
20 62,00 bA 75,25 aA 59,75 bB 61,25 bB
120 62,25 bA 68,25 aB 71,00 aA 69,50 aA
NF
20 4,19 aA 3,95 aA 3,84 aB 4,21 aA
120 4,32 aA 3,70 bA 4,45 aA 4,22 aA
Índice de Clorofila Falker
20 43,61 aA 41,18 aA 40,08 aB 43,76 aA
120 44,92 aA 38.65 bA 46,24 aA 43,97 aA
M100G
20 2,02 aA 2,01 aB 2,22 aA 1,96 aA
120 1,88 cA 2,36 aA 2,07 bcA 2,16 abA
Médias seguidas por uma mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Em relação á leitura do índice de clorofila ( Tabela 2), o único cultivar que obteve resposta
significativa em relação às doses aplicadas de
nitrogênio foi BRSGO Guará, com variação no aumento do teor de clorofila de acordo com
aumento da dose de 40,08 e 46,24 de ICF, respectivamente para as doses de 20 e 120 kg ha- 1
de N. Ao analisar somente as doses de N, em função dos cultivares, observou-se que não houve
diferenças significativas entre os cultivares na menor aplicação de N (20 kg ha-1); no entanto, para a maior aplicação de N (120 kg ha-1), os
cultivares tiveram comportamento semelhante, com exceção do cultivar BRA 01381, obteve menor resposta de ICF (38,65).
Os valores observados no presente trabalho estão dentro do limite encontrado na literatura (Silva et al., 2008; Pocojeski, 2007; Silva et al., 2007). De
acordo com os autores o valor de leitura crítica do clorofilômetro poderia ser utilizado como
referência para a aplicação de N quando as avaliações desses parâmetros fossem abaixo do
crítico (36 unidades).
Para a massa de 100 grãos, os valores encontrados no presente trabalho, estão de acordo com os padrões técnicos de cada cultivar (Tabela 2),
indicando ser uma característica que não sofre
muita alteração entre os cultivares, principalmente quando aplicado baixa quantidade de N em
cobertura (20 kg ha-1). No entanto, quando foi aplicado 120 kg ha-1 de N, os cultivares tiveram
respostas diferenciadas, sendo o cultivar BRA
01381, o mais responsivo, apesar de não diferir estatisticamente do cultivar BRS 7 Taim. O
cultivar Best 2000 obteve menor conteúdo de massa de 100 grãos (1,88g), não diferindo
estatisticamente do cultivar BRSGO Guará (2,07g). Ao interpretar os dados da adubação,
observando a reposta de cada cultivar, somente o
cultivar BRA 01381 obteve incremento para massa de cem grãos, com a elevação da adubação em cobertura de N. Já Hernandes, et at. (2010), e
Kischel et al. (2011), não encontraram resposta
para o aumento da massa de 100grãos em função de doses de N, em condições de várzea úmida.
A produção de panícula por metro quadrado,
independente da adubação de cobertura utilizada, observou-se que o cultivar Best 2000, obteve maior número de panículas por metro quadrado
(226,50); o qual difere estatisticamente somente d o cultivar BRS 7 Taim (126,78), conforme Tabela 3.
Ao comparar as duas doses de nitrogênio em
cobertura foi observado que para esta
característica a menor adubação de cobertura com N utilizada (20 kg ha-1) obteve maior número
panículas. O fato da baixa resposta na dose de 120 kg ha-1 provavelmente, pode ter sido ocasionado
pelo elevado consumo de luxo dos cultivares
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analisados. O consumo de luxo resulta concentração de N na planta bem acima do nível adequado e influencia negativamente a correlação
deste parâmetro com rendimento de grãos. Pelo
fato de não ser influenciada pelo consumo de luxo de N, a medição efetuada pelo clorofilômetro é
considerada melhor indicadora do nível de N na planta do que o próprio teor deste nut riente
(Blackmer e Schepers, 1995).
A aplicação de N em quantidade elevada, além de ter maior perda, pode causar decréscimo na expressão do número de panículas, pelo fato de
que altas doses de N estimularem o perfilhamento
e a formação de novas folhas, causando um auto sombreamento, condição esta favorável à
competição e queda na produtividade (Stone et al., 1 999).
Tabela 3. Avaliação de número de panículas por metro quadrado (Pm2) e produtividade de grãos – Prod. (kg ha-1) em função dos cultivares de arroz e doses de nitrogênio, cultivados em vasos com solos oriundos de várzea, da região de Formoso do Araguaia – TO, 2010.
Cultivares
Características avaliadas
Pm2 Prod.
Best 2000 226,50 A 5816,80A
BRA 01381 183,17 A 4274,60C
BRSGO Guará 177,85 AB 50 69,80B
BRS 7 Taim 126,78 B 2735,00D
Doses de N 20
197,32 A
4850,80A
120 159,83 B 4097,30B
Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
A produtividade dos cultivares variou
significativamente, independentemente das doses de adubações de N, em cobertura (Tabela 3). O
cultivar Best 2000 foi que obteve maior produtividade (5816,80 kg ha-1), seguido dos cultivares BRSGO Guará (5069,80 kg ha-1), BRA 01381 (4274,60 kg ha-1) e do cultivar BRS 7 Taim (2735,00 kg ha-1), respectivamente; sendo
influenciado, provavelmente, pelo maior número de panículas.
Para Buzetti et al. (2006), a dose que proporcionou produtividade máxima foi a de 100 kg de N ha-1 .
Já Hernandes et al. (2010), utilizando diferentes fontes e doses de N, concluíram que a dose que
obteve melhor resposta de produção foi 122 kg de N ha-1, independente da fonte utilizada.
Ao analisar somente as aplicações de N em
cobertura, foi observado que na menor dose (20 kg ha-1) a produtividade também foi superior,
conforme observado para as características panículas por metro quadrado. Além do comentado anteriormente, pode se inferir que tal resposta pode está associada ao fato de alguns
cultivares, terem maiores produtividades em
condições de baixa adubações. Pelos resultados
deste trabalho, observou-se que existem diferenças de resposta à aplicação de doses crescentes de
nitrogênio entre os genótipos, o que está de acordo
com Fageria et al.(2007); Lopes et al (1995); Jiang et al. (2004). A resposta diferencial dos cultivares de arroz às doses de nitrogênio revela que para
adubação com esse nutriente deve-se considerar o genótipo (Freitas et al., 2007).
Em trabalho realizado por Fidelis et al. (2011) ,
avaliando a eficiência de respostas de duas doses contrastante (20 e 120 kg ha-1 de N) em nove
cultivares de arroz, encontrou que os cultivares BRS 7 Taim e BRA 01381, se classificaram como
eficiente e não responsivos; confirmando tal efeito
de produtividade em baixas doses de aplicação de nitrogênio em cobertura.
De acordo com Silva et al. (2008), o aumento dos valores, referentes às leituras do clorofilômetro, não se refletiu linearmente com a produtividade de
grãos. Esse comportamento indica um valor de leitura crítica a partir do qual não há mais incremento na produtividade de grãos. Pode- se
destacar também que, embora se tem aumento da
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produção de matéria seca e, consequentemente, o acúmulo de N pelas plantas, as plantas não converteram o N acumulado na fase vegetativa em
produção de grãos na fase reprodutiva. Os
cultivares, segundo Below et al. (1981), podem ser separados em dois grupos, quanto ao
comportamento na utilização do N: 1) plantas que absorvem e assimilam maiores proporções de N na
fase vegetativa e redistribuem intensamente na
fase reprodutiva e apresentam rápida senescência associada com alta atividade de proteases e queda
na capacidade fotossintética; e 2) plantas que apresentam grande proporção de absorção e
assimilação de N após a floração, sendo as demais características opostas as da primeira. Além disso,
outros fatores interespecíficos, como a competição
dos perfilhos por luz e N (Pereira, 1989) bem como a temperatura, também podem influenciar no rendimento de grãos da cultura .
CONCLUSÕES
Os cultivares de arroz são influenciados pelas doses de nitrogênio, para a altura de planta, teor de nitrogênio, clorofila e massa de 100 grãos;
O cultivar Best 2000 foi o que obteve maior produtividade.
AGRADECIMENTOS
À UFT pela concessão da bolsa de permanência/pesquisa da primeira autora.
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Recebido: 13/01/201 3 Received: 01/13 /2012
Aprovado: 05/04 /2013 Approved: 04/05 /2013
J. Biotec. Biodivers. v. 4, N.2: pp. 126-133, May. 201 3