Silva, A. C. S et al. 38

J. Biotec. Biodivers. v. 2, N.1: pp. 37-42, Feb. 2011

Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a ocorrência de bactérias solubilizadoras de fosfato nas raízes de plantas de pequenas propriedades rurais situadas na Estrada do Puraquequara, município de Manaus e no município do Rio Preto da Eva, ambos no Estado do Amazonas.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletadas amostras de raízes e solo em propriedades rurais localizadas no Ramal do Brasileirinho, na estrada do Puraquequara (Zona rural de Manaus) e no município de Rio Preto da Eva (Km 80 - AM 010) no Estado do Amazonas e levadas para o Laboratório de Microbiologia do Solo da Coordenação de Pesquisas em Ciências Agronômicas (CPCA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Em cada propriedade as coletas foram em quatro espécies, e de cada espécie cinco plantas como repetições. Assim, em um período de seis meses e meio (agosto de 2009 a fevereiro de 2010), foram visitadas cinco propriedades no Puraquequara e quatro propriedades no Rio Preto da Eva, coletando-se 19 espécies de importância econômica, totalizando 151 plantas.

No laboratório, as raízes das diversas espécies anuais e perenes foram cortadas em pedaços de 1 cm e colocadas em placas de Petri (dez pedaços de cada planta por placa). O método consistiu em detectar bactérias solubilizadoras de fosfato (BSF) em placas de Petri utilizando-se os meios de cultura específicos. Um para se verificar a solubilização de fosfato de cálcio (P-Ca), meio GL, que continha 10 g de glucose, 2 g de extrato de levedura e 15 g de Agar. A este meio foram adicionadas uma solução contendo 0,25 g L de K 2 HPO 4 e outra contendo 1 g L de CaCl 2 , ajuntando-se o pH para 6,5, com o intuito de se formar fosfato de cálcio precipitado (Chagas Jr e Oliveira, 2001; Hara e Oliveira, 2004).

O meio GL foi modificado para verificar a solubilização de fosfato de alumínio (P-Al). Este meio continha 10 g de manitol, 2 g de extrato de levedura, 6 g de K 2 HPO 4 e 18 g de Agar. A este meio foram acrescentado, também, uma solução contendo 5,34 g AlCl 3 e o pH foi ajustado para 4,5 para formar o precipitado de fosfato de alumínio. A modificação do meio GL foi a fonte de açúcar e

a utilização e quantidade de AlCl

3

e, para que

houvesse aproximadamente 1,4 cmol c de Al no meio, concentração deste elemento encontrada nas principais classes de solos da Amazônia, servindo, assim, como parâmetro para as condições reais desse elemento na natureza.

Foram feitas observações diárias nas placas contendo as raízes para a retirada de estirpes que apresentaram solubilização. Se o fosfato insolúvel é adicionado em meio ágar, as estirpes responsáveis pela solubilização do fosfato são detectadas por uma zona clara produzida ao redor da colônia. O período de observações foi, em média, de três dias, variando em função dos níveis de crescimento da microbiota do rizoplano durante os ensaios.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na localidade de Puraquequara, em Manaus, foram encontradas BSF capazes de solubilizar fosfato de cálcio (P-Ca) na rizosfera do cupuaçu (8% das amostras), pupunha (10% das amostras), manga (2% das amostras) e café (32% das amostras) na propriedade 1. A porcentagem de amostras positivas no meio contendo fosfato de alumínio (P-Al) foi de 0% para todas as espécies observadas (Tabela 1). Na propriedade 2, foram encontradas amostras positivas tanto para solubilizar P-Ca como de P-Al nas espécies avaliadas, com exceção do ingá que apresentou amostras positivas somente no meio com P-Ca. Observa-se, também, que a porcentagem de solubilização de P-Al foi menor que de P-Ca para as plantas de ingá, cupuaçu e goiaba. No entanto, as amostras das plantas de abacate analisadas tiveram maior porcentagem de amostras positivas no meio P-Al (25%) que no meio P-Ca (19%) (Tabela 1).

Na propriedade 3, não houve ocorrência de BSF em nenhuma das espécies avaliadas. Na Propriedade 4, encontraram amostras positivas para as amostras de biribá (3%), caju (1%) e cana (2%) no meio P-Al e apenas para as amostras de banana (6%) no meio P-Ca (Tabela 1).

Na propriedade 5, as espécies caju (9%), café (10%), urucum (7%) e ingá (21%) apresentaram amostras positivas no meio P-Ca, e somente ingá apresentou amostras positivas (2%) no meio P-Al (Tabela 1).