Monteiro, T. C. et al. 7
J. Biotec. Biodivers. v. 1, N.1: pp. 6-11, Nov. 2010
tração ou compressão (Simpson e Tenwolde, 1999). Afirmativa também encontrada por Ferreira et al. (2008), que estudaram os clones de Eucalyptus com dois anos de idade, plantados em locais de baixada, encosta leve e encosta forte e concluiu que o deslocamento da medula indica a formação do lenho de tração. Além da excentricidade da medula, ocorrem também diferenças nas propriedades químicas, anatômicas, físicas e mecânicas neste tipo de lenho quando comparado com um lenho normal. Dentre as características que apresentam destaque pode-se citar o baixo teor de lignina na parede celular das fibras, sendo essa deficiência uma das características do desenvolvimento do lenho de tração (Panshin e De Zeeuw, 1980), a ocorrência de uma camada gelatinosa na parte interna à parede celular secundária, a excessiva contração quando a umidade fica abaixo do ponto de saturação das fibras e o aumento da densidade básica (Simpson e Tenwolde, 1999).
A ocorrência do lenho de reação influencia na utilização da madeira na indústria florestal. Sua presença produz uma superfície irregular quando usinada, suas tábuas apresentam cores contrastantes, com aparência prateada ou escura variando com a espécie, a superfície das tábuas serradas são “lanosas ”, especialmente quando serradas na condição verde (Simpson e Tenwolde, 1999), defeitos surgem durante a secagem (Ponce e Watai, 1985) e devido a variação do teor de lignina influencia nos setores de celulose e siderúrgico.
O conhecimento da variação da densidade básica do lenho de reação é importante, pois é uma propriedade física de fácil determinação e que apresenta relevante correlação com outras propriedades da madeira (Panshin e De Zeeuw, 1980). Outra característica física citada na literatura para o estudo do lenho de reação é a retratibilidade, que é uma característica relacionada à expansão ou contração da madeira em função da entrada ou saída de água no lenho, sendo influenciada pelos planos da madeira avaliada, se radial, tangencial ou longitudinal (Durlo e Marchiori, 1992).
Os estudos realizados com o lenho de reação comparam este com um lenho normal da mesma espécie, geralmente sem a medula excêntrica. Trabalhos recentes comparando o lenho de reação com o lenho oposto apresentam resultados que não seguem um padrão definido (Ruelle et al., 2007).
Estudos avaliando o lenho de tração em Eucalyptus foram realizados no Brasil, sempre com árvores de pouca idade, abaixo de cinco anos (Sousa, 2004; Ferreira, 2007).
Sendo o gênero Eucalyptus uma espécie muito utilizada no setor produtivo florestal brasileiro, plantado em diversos tipos de terreno, sob a ação de ventos e outros fatores externos, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a variação da densidade básica e da retratibilidade dos lenhos de tração e lenho oposto ao longo do raio em quatro espécies de Eucalyptus spp.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas quatro árvores do gênero Eucalyptus , sendo das seguintes espécies: Eucalyptus pilularis , Eucalyptus urophylla , Eucalyptus camaldulensis e Eucalyptus maculata . As árvores foram selecionadas entre as eretas, sadias e sem bifurcação retiradas de um plantio experimental, com 32 anos, no campus da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em uma área que apresenta leve inclinação.
Os discos foram retirados a 1,3 metros do solo (DAP) de cada uma das árvores e foram levados para o Laboratório de Usinagem da Madeira na UFLA. Foi retirada a porção central de cada disco, contendo a medula e seguindo o sentido da declividade. Em seguida foram determinados os lenhos de tração (lado superior do terreno) e lenho oposto (lado inferior do terreno). Após as marcações, os corpos-de-prova foram confeccionados com as dimensões de 20 x 20 x 30 mm nos sentidos radial, tangencial e longitudinal, respectivamente, sendo retirados a partir da medula até a proximidade da casca, conforme Figura 1.