Machado, G. O., et al. 192
J. Biotec. Biodivers. v. 5, N.2: pp. 182-193 May 2014
(Northcross et al. 2012). O fogão portátil apresenta menor potencial de risco à saúde do usuário, decorrente da menor liberação de voláteis na combustão e da presença de chaminé que direciona os gases para o exterior do ambiente onde o equipamento está instalado. Desta forma, se usado em interiores residenciais, apresenta uma menor liberação de gases tóxicos no meio, como o monóxido de carbono (Tab. 4), presente na fumaça no interior das cozinhas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde e
Normas Americanas, para um dia de exposição
ao CO, o valor limite recomendado é de 96 h- mg/m . Os resultados apresentados tanto pelo fogão portátil como pelos fogões tradicionais são da ordem de 83 % maior que o limite recomendado. Esse dado indica fortes evidências da grande toxicidade a que o usuário de fogão à lenha está exposto em ambiente residencial, caso não exista equipamentos (exaustor) ou dispositivos instalados (chaminé) na cozinha para remoção desses voláteis (Joshi et al. 1989; Zhang et al. 1999).
Tabela 4. Concentração e Exposição ao CO em ambiente interno (cozinha) hipotético para 3 h de consumo de lenha em fogão metálico sem chaminé ou exaustor.
F (kg/h) Ef (g/kg) Cmáx (mg/m3) Cmédio (mg/m3) E (h-mg/m3)
x ± S
x ± S
x ± S
x ± S
FBas1 1,2±0,2 A 103,6 200±28A 160±22A 587±82A Ref1 1,3±0,3 A 99,4 220±53 A 176±43A 645±157A Ref2 1,3±0,1 A 99,4 218±20A 175±16A 640±58A Ref3 0,9±0,1C 99,4 153±13B 123±10B 450±38B
* Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de comparação entre postos de Student-Newman-Keuls.
Neste estudo está sendo analisada apenas a emissão de CO, porém sabe-se que a fumaça da queima da lenha também contém muitas outras substancias tóxicas ou potencialmente tóxicas, tais como, compostos cancerígenos como benzeno, 1,3-butadieno, além de dióxido de nitrogênio, aldeídos, hidrocarbonetos aromáticos e material particulado. Adicionalmente, a população de Irati/PR, principalmente da periferia e meio rural, ainda faz uso freqüente de fogões à lenha. Uma solução, que já vem sendo parcialmente tomada pela população, é o uso de chaminés que diminuam a exposição aos gases tóxicos em mais de 50%, uma maior ventilação do ambiente por meio de janelas, portas e exaustores (não observados nos fogões tradicionais de Irati) e o uso de equipamentos térmicos mais eficientes (meta dessa pesquisa).
CONCLUSÕES
Há grande interesse em pesquisas que visem à avaliação da qualidade de fogões à lenha, bem como propostas de novos designs que apresentem maior eficiência e menor emissão de poluentes. O fogão à lenha deste estudo apresentou eficiência na faixa de 6,4%±1;
potência de 337,4±31,9 W; consumo de combustível em torno de 1,2±0,2 kg/h e teores de gases de aproximadamente 0,3±0,04 Nm /kg
2 ; 0,03±0,01 Nm /kg de CO e 2,5 10 ±3,5 10 Nm /kg para SO 2 .
Comparações com fogões metálicos residenciais de Irati/PR mostraram que o fogão proposto por essa pesquisa tem melhor desempenho no quesito eficiência, porém não verificou-se diferença estatística na concentração de CO médio (160±22mg/m ) e máximo (200±28mg/m ) bem como de Exposição ao gás (587±82mg/m ) para três horas de uso em uma cozinha hipotética, quando comparado aos dados de dois fogões referência. Um dos fogões referência, apresentou menores valores que o protótipo proposto, sendo
máx médio
3 3
E máx =450±38h-mg/m . Adicionalmente, o fogão portátil libera uma quantidade 4% maior de monóxido de carbono no meio (103,6 g/kg) que os fogões referência (99,4 g/kg).
Os resultados obtidos nesta pesquisa evidenciam o desempenho superior do fogão proposto em termos de eficiência quando comparado com fogões metálicos tradicionais da cidade de Irati/PR, com baixo custo na sua construção e