Braz, R. L., et al.

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J. Biotec. Biodivers. v. 5, N.2: pp. 168-181 May 2014

extração após o término das atividades, as principais são: galhadas das copas das árvores exploradas, árvores derrubadas durante a queda das mesmas, resíduos gerados pela abertura de estradas, trilhas e pátios, queda natural de árvores, resíduos de toras ocas ou aparas de fustes deixados no pátio de estocagem e resíduos gerados pela ocorrência de sapopemas em algumas espécies exploradas.

Valério et al. (2007) ressaltam que para os resíduos do processamento de madeira em serrarias existe a possibilidade de melhor utilização da matéria-prima madeireira por meio da utilização de melhores técnicas,equipamentos e processos. Os mesmos autores recomendam que a utilização da madeira deva ser feita da forma mais racional possível, buscando sempre o máximo rendimento e desenvolvendo novos produtos como alternativa para os resíduos, pois, apesar de ser um recurso natural renovável, a reposição florestal acarreta custos significativos.

Na exploração florestal utiliza-se quase que exclusivamente o fuste denominado comercial, que vai da base da tora até um diâmetro mínimo pré-estabelecido. Os galhos e os ponteiros das árvores são deixados no campo como resíduos, representando cerca de 20% da madeira existente na floresta (Brito, 1996). O aproveitamento de toda a árvore pelas indústrias madeireiras está em torno de 30% a 60%, variando de empresa para empresa (Freitas, 2000).

O processo de produção da madeira serrada gera um volume significativo de resíduos e sobras oriundas da transformação das toras pelas serras de desdobro e que, somados aos galhos, troncos e raízes que ficam na floresta, indicam um volume significativamente superior ao produto madeireiro obtido. Do ponto de vista tanto econômico como ambiental se justificariam programas, envolvendo incentivos e facilidades, para a instalação de linhas de aproveitamento destas sobras e resíduos desde a geração de energia a partir desta biomassa até aqueles destinados à obtenção de produtos com agregação de valor (Fagundes, 2003)

O rendimento da matéria-prima (galhos de copa) em madeira serrada varia bastante entre as espécies e dentro da mesma espécie. Os fatores inerentes à qualidade, à classe diamétrica das toras e o tipo de produto final, influenciam, diretamente, nos valores de rendimento. Desta forma, qualquer predição de produção deve levar em consideração estas variações. O aproveitamento e o beneficiamento da madeira

serrada através de processamento mecânico sofre variação, também, de acordo com o nível tecnológico da indústria, da qualidade da matéria prima, da espécie e de outros fatores (ABIMCI, 2003)

Segundo Rocha (2002) e Stelle (1984), o rendimento pode ser afetado conforme a espécie que está sendo desdobrada, pela qualidade dos povoamentos de onde as árvores são provenientes, diâmetro, conicidade e comprimento das toras, eliminação de defeitos na tora, subprodutos retirados a partir do desdobro, os equipamentos e técnicas utilizados no desdobro e a qualidade profissional dos operários.

Diversos autores (ABIMCI, 2009; Brand, 2002; Lentini et al., 2005; Sabogal et al., 2006) citam que o aproveitamento do resíduo florestal proporciona o desenvolvimento em áreas rurais, podendo melhorar a situação econômica das comunidades e populações locais, através da geração de renda e fluxo monetário, beneficiando o meio ambiente com a diminuição da pressão sobre as florestas em pé, pois, na maioria das vezes, sua exploração é feita de forma predatória. Garcia (2011) considera que aproveitamento de resíduos das galhadas de árvores exploradas para fins de madeira serrada é uma alternativa que agrega valor ao resíduo que antes era vendido na sua forma bruta, agora poderá ser beneficiado e vendido a um valor maior. Segundo o mesmo autor, os resíduos de copas de árvores são, em potencial, uma oportunidade para uso nas indústrias de transformação para desdobramento em madeira serrada, gerando produtos e subprodutos para o mercado. Para isso faz-se necessário, inicialmente, quantificar essa biomassa para conhecer o potencial de galhadas deixadas na floresta.

A madeira caída também é uma fonte de matéria prima, de acordo Rocha (2010) no contexto moderno de comercialização de serviços ambientais e produtos florestais com origem sustentável comprovada, o aproveitamento da madeira caída pode ser uma atividade oportuna. O autor ainda ressalta que por se tratar de um material orgânico, com diversos constituintes, para o melhor emprego da madeira, as espécies devem ser estudadas quanto ao seu nível de toxidez a fim de evitar futuros problemas mais graves aos consumidores e usuários.

No caso da utilização de resíduos florestais na floresta amazônica existem vários fatores importantes a considerar. Muitas vezes os