Braz, R. L., et al.
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J. Biotec. Biodivers. v. 5, N.2: pp. 168-181 May 2014
escassez. Nesse sentido, torna-se relevante a disseminação de ideias para as empresas empregarem novas técnicas de classificação, estimar a quantidade de resíduos gerados, planejarem formas de armazenamento, transporte e transformação em subprodutos de maior valor agregado, Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Paraná - IBQP (2002).
Neste contexto o estudo do aproveitamento dos resíduos é de grande importância e visa encontrar soluções e novas tecnologias que possam ser implementadas, potencializando a utilização dos resíduos de forma sustentável e viável com um retorno econômico considerável, e minimizando os impactos no meio, o que contribui para a preservação dos recursos florestais.
O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica acerca do aproveitamento e quantificação dos resíduos florestais na região Amazônica provenientes da colheita florestal e do processamento mecânico da madeira nas serrarias, assegurando a sustentabilidade florestal. O estudo também foi construído através da análise de dados já citados na literatura e da base de dados da Empresa Orsa Florestal S/A oriundos do inventário florestal.
MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL
DA FLORESTA AMAZÔNICA
A legislação brasileira define o manejo florestal sustentável como “a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies ”, possui exigências para alcançá-lo (Brasil, 2009).
A gestão das florestas naturais do Brasil tem três grandes desafios: 1-manter e ampliar a cobertura florestal, 2-ampliar as áreas de proteção integral em áreas de alto valor para conservação, e 3- promover o desenvolvimento socioeconômico, a partir do uso sustentável das florestas (REMADE, 2007). A utilização racional da floresta amazônica significa o equilíbrio de vários fatores e funções que garantem o funcionamento de seu conjunto de ecossistemas, fornecendo benefícios importantes na forma de serviços ambientais que são frequentemente necessários para a
sustentabilidade econômica (Higuchi, 1994). Vários autores ressaltam que a degradação de florestas amazônicas tem sido acelerada devido a
incertezas sobre a posse da terra e dos recursos florestais, falhas nos sistemas de comando e controle, práticas inadequadas do manejo florestal e incentivos perversos para a conversão de florestas a agropecuária (Sabogal et al., 2006; Uhl et al., 1997).
Para Scolforo et al. (1996) a suscetibilidade das espécies florestais a exploração, a economicidade do manejo sustentado, maior eficiência no processo de beneficiamento e aproveitamento da madeira, a racionalização das técnicas de exploração e transporte, dentre outros, são pontos relevantes para que as florestas naturais possam ser utilizadas em bases sustentadas.
De acordo com Gama et al. (2005) a garantia de uma produção contínua de madeira, associada à conservação da biodiversidade de florestas nativas como a Amazônia, pode ser alcançada mediante o manejo florestal sustentável. Os mesmos autores ressaltam que a finalidade do manejo florestal é conseguir que as florestas forneçam continuamente benefícios econômicos, ecológicos e sociais, mediante um planejamento mínimo para o aproveitamento dos recursos madeireiros e nãomadeireiros disponíveis.
Os impactos da exploração madeireira em florestas nativas, levando-se em consideração os danos causados aos indivíduos arbóreos, regeneração natural e solo, devem ser observados criteriosamente no manejo destas florestas, pois estes impactos têm influência direta na elaboração do plano de manejo, além da busca pelas questões básicas, ligadas a auto-ecologia das espécies envolvidas (Martins et al., 2003).
Diversos autores (Sist e Ferreira, 2007; Gonçalves e Santos, 2008) alegam que os estudos que comparam os tipos de exploração verificam a real eficácia e propõe novas metodologias que ajudem a garantir a sustentabilidade da floresta é importante devido ainda possuir pouco conhecimento sobre o verdadeiro impacto proveniente da exploração madeireira em florestas tropicais (Nutto et al., 2009).
Para Higuchi et al. (2008), entre os vários recursos naturais da Amazônia, a madeira é, sem dúvida, o que tem a maior liquidez, e deve ser considerada como produto de primeira necessidade. Entretanto, Schneider e Finger (2000) ressaltam que a produção sustentada desse recurso no longo prazo requer, indiscutivelmente, a manutenção de condições ecológicas ótimas da floresta, bem como o retorno econômico, sem o qual não haverá sustentabilidade.