Braz, R. L., et al.

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J. Biotec. Biodivers. v. 5, N.2: pp. 168-181 May 2014

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de novas tecnologias e alternativas sustentáveis atreladas a gestão ambiental dispõem de um instrumento viável de suma importância que devem ser empregadas de forma consciente dentro do manejo florestal sustentável na região amazônica, de forma a melhorar, viabilizar e aproveitar os resíduos florestais, valorizando os subprodutos. Há a necessidade que as atividades de sustentabilidade nas áreas de manejo florestal ofereçam produtos inovadores a partir de um planejamento e avaliação potencial da utilização racional e eficiente dos recursos florestais. Espera-se que os investimentos contribuam para o uso e manuseio dos resíduos que sobram das atividades de colheita florestal bem como do processo produtivo madeireiro e que possam reverter em lucro e colaborar de forma sustentável conservação do meio, capacitando as florestas a oferecerem serviços e diversos produtos.

A floresta amazônica é uma das maiores florestas tropicais do mundo com características diversas tanto ambiental quanto sociocultural e bastante complexa, de acordo com Higuchi et al. (2006) é a maior reserva contínua de floresta tropical úmida existente, na América do Sul, ocupando uma área de aproximadamente 6 milhões de km² (Oliveira e Amaral, 2004). Segundo Reis et al. (2010) a Amazônia brasileira representa cerca de um terço das florestas tropicais do mundo, abrigando algumas centenas de espécies de árvores. A Amazônia Legal no Brasil ocupa cerca de 5 milhões de km², o que corresponde a 60% do território nacional, ocupado nos estados do Acre (3,64%), Amapá (2,37%), Amazonas (37,24%), Pará (28,12%), Rondônia (5,13%), Roraima (4,13%) e parte dos estados do Maranhão (3,32%), Mato Grosso (13,65%), Tocantins e Goiás (2,40%) (Higuchi, 1997; Fearnside et al., 1990).

Segundo Oliveira e Amaral (2004) a floresta pode ser dividida em dois grupos: floresta de terra firme e florestas inundáveis. A região da Amazônia brasileira é uma das principais produtoras de madeira tropical no mundo, atrás apenas da Malásia e Indonésia (Organización Internacional de las Maderas Tropicales - OIMT, 2006), com tendência dos volumes anuais colhidos caírem cada vez mais Serviço florestal brasileiro - SFB e o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia - IMAZON (2010).

A floresta amazônica apresenta diversos ambientes, tanto terrestres quanto aquáticos, com diferentes espécies e gêneros da flora e fauna, além dos aspectos dos componentes abióticos, interferindo no equilíbrio e crescimento da floresta, além das relações e interações que podem ocorrer no meio.

A exploração madeireira em florestas naturais ocorre no estuário amazônico desde o século XVII, estando geralmente restrita, até o século XX, às florestas de várzea (Rankin, 1985; Barros e Uhl, 1995; Zarin et al., 2001). Para evitar e combater a exploração irracional e ilegal da floresta, alternativas e estratégias competitivas entre as empresas que praticam o manejo florestal sustentável podem ser usadas para fortalecer e contribuir na proteção e conservação do meio, minimizado o desmatamento e a extração ilegal da madeira que se constituiu ao longo do tempo e precisa ser recuperado atualmente.

Um potencial madeireiro em 60 bilhões de metros cúbicos de madeira em tora foi estimado, com valor econômico potencial de quatro trilhões de reais em madeira serrada, porém não foi feito um comentário pelos autores se este potencial poderia ser utilizado de forma ecológica e sustentável (Barros e Veríssimo, 2002). Entretanto, grande parte desse potencial foi explorada de maneira descontrolada, predatória e impactante, com elevados danos, muitas vezes irreversíveis, o que realça cada vez mais a importância do aproveitamento dos resíduos a partir do manejo florestal sustentável, com benefícios ambientais, sociais e econômicos.

A produção de madeira serrada na região amazônica cresceu nos últimos anos, estimou-se, por exemplo, em 2008 uma produção de 15,1 milhões de m³ de madeira serrada tropical com crescimento de 1,4% comparado ao ano de 2007 (ABIMCI, 2008). Entretanto, possui um rendimento muito baixo, (41% no ano de 2009, por exemplo, segundo o SFB e IMAZON (2010) consequentemente o que contribui para o enorme desperdício de madeira, muitas vezes em função da infraestrutura das serrarias e falta de conhecimento das potencialidades para diversas utilizações que os resíduos podem oferecer. Novas alternativas devem ser criadas para o gerenciamento e aproveitamento dos resíduos florestais oriundos da exploração florestal em diversos setores, potencializando a sua utilização e minimizando o desperdício durante a cadeia de produção, desde a colheita até a obtenção do