Braz, R. L., et al.
170
J. Biotec. Biodivers. v. 5, N.2: pp. 168-181 May 2014
produto final. Muitos problemas ambientais podem ser reduzidos através do consumo dos resíduos do setor florestal.
Vidal et al. (1997) ao investigarem a exploração madeireira na Amazônia, constatou que na região desperdiça, desnecessariamente, um grande volume de madeira, tanto na floresta quanto nas indústrias. Ao avaliar a colheita florestal, pode se observar que isso ocorre muitas vezes quando as toras são derrubadas, mas não são encontradas pelas equipes de arraste, e do mesmo modo, árvores jovens de valor comercial que podem ser colhidas em outros anos são desnecessariamente destruídas. Nas fábricas, os desperdícios ocorrem devido à degradação das toras quando estocadas e quando são serradas incorretamente. Para a regulação da gestão dessas florestas, foi criado o Serviço Florestal Brasileiro responsável por promover o desenvolvimento florestal sustentável no Brasil (Silva et al., 2009), através do acompanhamento e auditoria dos processos de concessão desde a floresta até o produto final.
A utilização dos resíduos florestais como fonte de matéria-prima para a geração de novos produtos, agregando valor e inovação dos subprodutos, altera a ideia de que os resíduos servem apenas como material comburente. A utilização de resíduos florestais, na indústria de processamento, além de reduzir a pressão de exploração de novas áreas e novas árvores, pode proporcionar novas oportunidades de empreendedorismo dentro do manejo florestal e das práticas silviculturais, contribuindo com o crescimento de renda, criando uma nova cadeira de produção com valor agregado e colaborando para a conservação da biodiversidade.
De acordo com Barbosa et al. (2001) o pequeno número de espécies florestais comerciais somados a heterogeneidade da floresta tropical amazônica (200 a 2250 espécies florestais.ha ) fazem com que o rendimento de madeira por hectare seja baixo. Reis (1989) citado por Pontes (2011), relatou que dos 230 a 280 m³.ha do volume de madeira da região Amazônica, apenas 10% chegam às serrarias, 49% são usados como lenha e o restante é descartado como resíduo florestal. Ao conhecer a quantidade e qualidade dos resíduos florestais e madeireiros, criam-se soluções e possibilidades de uso com potencial, Observa-se o elevado desperdício, uma vez que poderiam ser aproveitados como alternativa de renda, promovendo a fabricação de novos
produtos como briquetes, pequenos objetos de madeira, entre outros.
O setor florestal madeireiro é uma das atividades mais dinâmicas e paradoxais de uso da terra sob um regime de manejo sustentável que é capaz de conciliar conservação e também o desenvolvimento Veríssimo et al. (1995), uma vez que a necessidade de desenvolver sistemas de produção sustentável, social e politicamente ambiental é uma preocupação marcante nos últimos anos para as indústrias do setor.
A utilização dos recursos provenientes da floresta e sua importância para o desenvolvimento sócio- econômico têm ganhado lugar de destaque, no qual vêm acarretado fortes pressões para que os países busquem estratégias que levem alternativas de uso racional dos recursos florestais, através de tecnologia adequada às condições regionais, permite a redução de desperdícios, o aumento da rentabilidade, à geração de emprego e renda, permitindo a redução da intensidade de exploração, com melhorias da qualidade ambiental e social (Pontes e Afonso, 2010). Conforme o relato no presente trabalho, a quantidade de resíduos florestais desperdiçados envolve toda a cadeia produtiva, desde a colheita até a obtenção do produto final, principalmente durante a extração das árvores uma vez que a maioria possui um elevado porte. Muitos estudos relacionados ao aproveitamento de resíduos têm como foco a utilização da madeira descartada durante o processo de desdobro, mas ao acompanhar o processo de corte durante a colheita florestal, observa-se que o volume de madeira da copa das árvores que ficam em campo é significativo, consequentemente, isto pode proporcionar um novo processo produtivo (Pontes et al., 2012). Por outro lado, o que impede muitas vezes o desenvolvimento de uma nova cadeia de produção e o grande volume considerável da biomassa (galhos e copas das árvores) deixados na floresta é a falta de valor agregado de forma eficiente a este material.
Garcia (2011) ao estudar algumas espécies florestais, ressalta que o aproveitamento de resíduos das galhadas de árvores exploradas para fins de madeira serrada é uma alternativa que agrega valor ao resíduo que antes era vendido na sua forma bruta, e pode ser beneficiado e vendido a um valor maior.
O aumento e melhorias no aproveitamento de resíduos com a otimização do uso da madeira contribui na redução dos efeitos da potencial