Braz, R. L., et al.
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J. Biotec. Biodivers. v. 5, N.2: pp. 168-181 May 2014
O uso dos resíduos oriundos da colheita florestal e do processamento da madeira para a obtenção de um produto final e demais finalidades que agregam valor a matéria prima deve fazer parte do manejo florestal sustentável na região amazônica.
ESTIMAÇÃO DO VOLUME DE
RESÍDUOS FLORESTAIS E
INDUSTRIAIS
Brand et al. (2002) citam que a forma mais adequada do conhecimento necessário para a solução destes problemas passa pela caracterização do rendimento produtivo das indústrias, dos fatores geradores de resíduos, do volume e tipos de resíduos existentes, da sazonalidade de geração dos mesmos, além dos possíveis usos que podem ser dados a este material. Segundo Baggio e Carpanezzi (1995) o conhecimento da quantidade e da qualidade dos resíduos florestais permite avaliar o seu potencial de aproveitamento.
Para exemplificar o quanto é elevado o desperdício de madeira, um estudo realizado pelo SFB e IMAZON (2010), registraram que no ano de 2009 foi processado 14,2 milhões de metros cúbicos de madeira em tora, o que resultou na produção de 5,8 milhões de metros cúbicos de madeira processada. A maioria (72%) dessa produção era madeira serrada com baixo valor agregado, os outros 15% foram transformados em madeira beneficiada com algum grau de agregação de valor, o restante (13%), em madeira laminada e compensada. Isso representou um rendimento médio de processamento de 41%. Os outros 8,4 milhões de madeira em tora foram categorizados como os resíduos do processamento (Figura 1). Desse total, cerca de 1,6 milhão de metros cúbicos desses resíduos foram aproveitados na produção de carvão, outros 2,7 milhões, na geração de energia, e 2,0 milhões, em usos diversos. Os 2,1 milhões restantes foram considerados resíduos sem nenhum aproveitamento, os quais foram queimados ou abandonados como entulho.
Figura 1. Usos da madeira nativa da região amazônica (em milhões de m³ de tora). Adaptado de SFB e IMAZON (2010).
* Inclui o aproveitamento dos resíduos como adubo, em aterros, lenha, entre outros.
Para demonstrar a situação do aproveitamento e desperdício de madeira na região amazônica foi estimado o volume com base em dados da empresa ORSA Florestal S/A em um estudo de caso e dos demais dados encontrados na literatura. A área de estudo foi de 590 hectares onde foi levantado o número de indivíduos, frequência das espécies e quantificação do resíduo oriundo da
colheita até o processamento das toras de madeira nas serrarias. Observa-se na figura 2 que a espécie de maior frequência foi à maçaranduba ( Manilkara bidentada (A. DC.) A. Chev. ) , seguida pela cupiúba ( Goupia glabra Aublet), mandioqueira escamosa ( Qualea paraensis Ducke), angelim vermelho ( Dinizia excelsa Ducke) e demais espécies.